Mais de 100 mil homens e mulheres rodeavam o pregador, há mais de duzentos
anos, em Cambuslang, Escócia. As palavras do sermão, vivificadas pelo Espírito
Santo, ouviam-se distintamente em todas as partes que formavam esse mar
humano. É-nos difícil fazer uma idéia do vulto da multidão de 10 mil penitentes
que responderam ao apelo para se entregarem ao Salvador. Estes acontecimentos
servem-nos como um dos poucos exemplos do cumprimento das palavras de Jesus:
"Na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu
faço, e as fará maiores do que estas, porque vou para meu Pai" (João
14.12).
Havia "como um fogo ardente encerrado nos
ossos" deste pregador, que era Jorge Whitefield. Ardia nele um zelo santo
de ver todas as pessoas libertas da escravidão do pecado. Durante um período de
vinte e oito dias fez a incrível façanha de pregar a 10 mil pessoas
diariamente. Sua voz se ouvia perfeitamente a mais de um quilômetro de
distância, apesar de fraco de físico e de sofrer dos pulmões.Não havia prédio
no qual coubessem os auditórios e, nos países onde pregou, armava seu púlpito
nos campos, fora das cidades. Whitefield merece o título de príncipe dos
pregadores ao ar livre, porque pregava em média dez vezes por semana, e isso fez
durante um período de trinta e quatro anos, em grande parte sob o teto
construído por Deus -os céus.
A vida de Jorge Whitefield era um milagre. Nasceu
em uma taberna de bebidas alcoólicas. Antes de completar três anos, seu pai
faleceu. Sua mãe casou-se novamente, mas a Jorge foi permitido continuar os
estudos na escola. Na pensão de sua mãe, fazia a limpeza dos quartos, lavava
roupa e vendia bebidas no bar. Estranho que pareça e apesar de não ser salvo,
interessava-se grandemente pela leitura das Escrituras, lendo a Bíblia até
alta noite preparando sermões. Na escola era conhecido como orador: Sua
eloqüência era natural e espontânea, um dom extraordinário de Deus, dom que
possuía sem ele mesmo saber.
Custeou os próprios estudos em Pembroke College, Oxford,
servindo como garçom em um hotel. Depois de estar algum tempo em Oxford,
ajuntou-se ao grupo de estudantes a que pertenciam João e Carlos Wesley.
Passou muito tempo, como os demais do grupo, jejuando e esforçando-se para
mortificar a carne, a fim de alcançar a salvação, sem compreender que "a
verdadeira religião é a união da alma com Deus e a formação de Cristo em
nós."
Acerca da sua salvação, escreveu algum tempo antes
de morrer: "Sei o lugar onde... Todas as vezes que vou a Oxford, sinto-me
impelido a ir primeiro a este lugar onde Jesus se revelou a mim, pela primeira
vez, e me deu o novo nascimento".
Com a saúde abalada, talvez pelo excesso de estudo,
Jorge voltou a casa para recuperá-la. Resolvido a não cair no indiferentismo,
inaugurou uma classe bíblica para jovens que, como ele, desejavam orar e
crescer na graça de Deus. Visitavam diariamente os doentes e os pobres e, freqüentemente,
os prisioneiros nas cadeias, para orarem com eles e prestarem-lhes qualquer
serviço manual que pudessem. Jorge tinha no coração um plano que consistia em
preparar cem sermões e apresentar-se para ser separado para o ministério.
Porém quando havia preparado apenas um sermão, seu zelo era tanto, que a igreja
insistia em ordená-lo, tendo penas vinte e um anos apesar de ser regra não
aceitar ninguém para tal cargo, com menos de 23 anos.
O dia antes da sua separação para o ministério,
passou-o em jejum e oração. Acerca desse fato, ele escreveu: "À tarde,
retirei-me para um alto, perto da cidade, onde orei com instância durante duas
horas, pedindo a meu favor e também por aqueles que estavam para ser separados
comigo. No domingo, levantei-me de madrugada e orei sobre o assunto da
epístola de Paulo a Timóteo, especialmente sobre o preceito: 'Ninguém despreze
a tua mocidade'. Quando o ancião me impôs as suas mãos, se meu vil coração não
me engana, ofereci todo o meu espírito, alma e corpo para o serviço no
santuário de Deus... Posso testificar; perante os céus e a terra, que dei-me a
mim mesmo, quando o ancião me impôs as mãos, para ser um mártir por aquele que
foi pregado na cruz em meu lugar".
Os lábios de Whitefield foram tocados pelo fogo
divino do Espírito Santo na ocasião da sua separação para o ministério. No
domingo seguinte, naquela época de gelo espiritual, pregou pela primeira vez.
Alguns se queixaram de que quinze dos ouvintes enlouqueceram ao ouvirem o sermão.
O ancião, porém, compreendendo o que se passava, respondeu que seria muito bom,
se os quinze não se esquecessem da sua "loucura" antes de chegar o
outro domingo.
Whitefield nunca se esqueceu nem deixou de aplicar
a si as seguintes palavras do Doutor Delaney: "Desejo, todas as vezes que
subir ao púlpito, considerar essa oportunidade como a última que me é dada de
pregar, e a última dada ao povo de ouvir". Alguém assim escreveu sobre uma
de suas pregações: "Quase nunca pregava sem chorar e sei que as suas
lágrimas eram sinceras. Ouvi-o dizer: 'Vós me censurais porque choro. Mas, como
posso conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas almas
mortais estarem a beira da destruição? Não sabeis se estais ouvindo o último
sermão, ou não, ou se jamais tereis outra oportunidade de chegar a
Cristo!" Chorava, às vezes, até parecer que estava morto e custava a
recuperar as forças. Diz-se que os corações da maioria dos ouvintes eram
derretidos pelo calor intenso de seu espírito, como prata na fornalha do
refinador.
Quando estudante no colégio de Oxford, seu coração
ardia de zelo e pequenos grupos de alunos se reuniam no seu quarto,
diariamente; eles eram movidos, como os discípulos logo depois do derramamento
do Espírito Santo, no Pentecoste. O Espírito continuou a operar poderosamente
nele e por ele durante o resto da sua vida, porque nunca abandonou o costume de
buscar a presença de Deus. Dividia o dia em três partes: oito horas sozinho
com Deus e em estudos, oito horas para dormir e as refeições, oito horas para o
trabalho entre o povo. De joelhos, lia, e orava sobre as leituras das
Escrituras e recebia luz, vida e poder. Lemos que numa das suas visitas aos
Estados Unidos, "passou a maior parte da viagem a bordo, sozinho em
oração". Alguém escreveu sobre ele: "Seu coração encheu-se tanto dos
céus que anelava por um lugar onde pudesse agradecer a Deus; e sozinho, durante
horas, chorava comovido pelo amor consumidor do seu Senhor". Suas
experiências no ministério confirmavam a sua fé na doutrina do Espírito Santo,
como o Consolador ainda vivo, o poder de Deus operando atualmente entre nós.
A pregação de Jorge Whitefield era feita de forma
tão vivida que parecia quase sobrenatural. Conta-se que, certa vez pregando a
alguns marinheiros, descreveu um navio perdido num furacão. Tudo foi
apresentado em manifestações tão reais que, quando chegou ao ponto de
descrever o barco afundando, alguns marinheiros pularam dos assentos,
gritando: "Às baleeiras! Às baleeiras!". Em outro sermão falou
acerca dum cego andando na direção dum precipício desconhecido. A cena foi tão
real que, quando o pregador chegou ao ponto de descrever a chegada do cego à
beira do profundo abismo, o camareiro-mor, Chesterfield, que assistia, deu um
pulo gritando: "Meu Deus! ele desapareceu!"
O segredo, porém, da grande colheita de almas
salvas não era a sua maravilhosa voz nem a sua grande eloqüência. Não era
também porque o povo tivesse o coração aberto para receber o Evangelho, porque
era tempo de grande decadência espiritual entre os crentes.
Também não foi porque lhe faltasse oposição. Repetidas
vezes Whitefield pregou nos campos, porque as igrejas fecharam-lhe as portas.
Às vezes nem os hotéis queriam aceitá-lo como hóspede. Em Basingstoke foi
agredido a pauladas. Em Staffordshire atiraram-lhe torrões de terra. Em
Moorfield destruíram a mesa que lhe servia de púlpito e arremessaram contra ele
o lixo da feira. Em Evesham, as autoridades, antes de seu sermão, ameaçaram
prendê-lo, se pregasse. Em Exeter, enquanto pregava a dez mil pessoas, foi
apedrejado de tal forma que pensou haver chegado para ele a hora, como o
ensangüentado Estevão, de ser imediatamente chamado à presença do Mestre. Em
outro lugar, apedrejaram-no novamente, até ficar coberto de sangue.
Verdadeiramente levava no corpo, até a morte, as marcas de Jesus.
O segredo de tais frutos na sua pregação era o seu
amor para com Deus. Quando ainda muito novo, passava noites inteiras lendo a
Bíblia, que muito amava. Depois de se converter, teve a primeira daquelas
experiências de sentir-se arrebatado, ficando a sua alma inteiramente aberta,
cheia, purificada, iluminada da glória e levada a sacrificar-se, inteiramente,
ao seu Salvador. Desde então nunca mais foi indiferente em servir a Deus, mas
regozijava-se no alvo de trabalhar de toda a sua alma, e de todas as suas
forças, e de todo seu entendimento. Só achava interesse nos cultos e escreveu
para sua mãe que nunca mais voltaria ao seu emprego. Consagrou a vida
completamente a Cristo. E a manifestação exterior daquela vida nunca excedia a
sua realidade interior, portanto, nunca mostrou cansaço nem diminuiu a marcha
durante o resto de sua vida.
Apesar de tudo, ele escreveu: "A minha alma
era seca como o deserto. Sentia-me como encerrado dentro duma armadura de
ferro. Não podia ajoelhar-me sem estar tomado de grandes soluços e orava até
ficar molhado de suor... Só Deus sabe quantas noites fiquei prostrado, de cama,
gemendo, por causa do que sentia, e ordenando, em nome de Jesus, que Satanás
se apartasse de mim. Outras vezes passei dias e semanas inteiros prostrado em
terra, suplicando para ser liberto dos pensamentos diabólicos que me distraíam.
Interesse próprio, rebelião, orgulho e inveja me atormentavam, um após outro,
até que resolvi vencê-los ou morrer. Lutei até Deus me conceder vitória sobre
eles".
Jorge Whitefield considerava-se um peregrino
errante no mundo, procurando almas. Nasceu, criou-se e diplomou-se na
Inglaterra. Atravessou o Atlântico treze vezes. Visitou a Escócia quatorze
vezes. Foi ao País de Gales várias vezes. Visitou uma vez a Holanda. Passou
quatro meses em Portugal. Nas Bermudas, ganhou muitas almas para Cristo, como
nos demais lugares onde trabalhou.
Acerca do que sentiu em uma das viagens à colônia
da Geórgia, Whitefield escreveu: 'Foram-me concedidas manifestações
extraordinárias do alto. Cedo de manhã, ao meio-dia, ao anoitecer e à
meia-noite, de fato durante o dia inteiro, o amado Jesus me visitava para
renovar-me o coração. Se certas árvores perto de Stonehourse pudessem falar,
contariam acerca da doce comunhão, que eu e algumas almas amadas desfrutamos
ali com Deus, sempre bendito. Às vezes, quando de passeio, a minha alma fazia
tais incursões pelas regiões celestes, que parecia pronta a abandonar o
corpo. Outras vezes sentia-me tão vencido pela grandeza da majestade infinita
de Deus, que me prostrava em terra e entregava-lhe a alma, como um papel em
branco, para Ele escrever nela o que desejasse. De uma noite nunca me
esquecerei. Relampejava excessivamente. Eu pregara a muitas pessoas e algumas
ficaram receosas de voltar a casa. Senti-me dirigido a acompanhá-las e aproveitar
o ensejo para as animar a se prepararem para a vinda do Filho do homem. Oh!
que gozo senti na minha alma! Depois de voltar, enquanto alguns se levantavam
das suas camas, assombrados pelos relâmpagos que andavam pelo chão e brilhavam
duma parte do céu até outra, eu com mais um irmão ficamos no campo adorando, orando,
exultando ao nosso Deus e desejando a revelação de Jesus dos céus, uma chama
de fogo!"
- Como se pode esperar outra coisa a não ser que as
multidões, a quem Whitefield pregava, fossem levadas a buscar a mesma
Presença? Na sua biografia há um grande número de exemplos como os seguintes:
"Oh! quantas lágrimas foram derramadas, com forte clamor, pelo amor do
querido Senhor Jesus! Alguns desmaiavam e quando recobravam as forças, ouviam
e desmaiavam de novo. Outros gritavam como quem sente a ânsia da morte. E
depois de eu findar o último discurso, eu mesmo senti-me tão vencido pelo amor
de Deus que quase fiquei sem vida. Contudo, por fim, revivi e, depois de me
alimentar um pouco, estava fortalecido bastante para viajar cerca de trinta
quilômetros, até Nottingham. No caminho, a alma alegrou-se cantando hinos.
Chegamos quase à meia-noite; depois de nos entregarmos a Deus em oração,
deitamo-nos e descansamos na proteção do querido Senhor Jesus. Oh! Senhor,
jamais existiu amor como o teu!"
Então Whitefield continuou, sem cansar: "No
dia seguinte em Fog's Manor, a concorrência aos cultos foi tão grande como em
Nottingham. O povo ficou tão quebrantado que, por todos os lados, vi pessoas
banhadas em lágrimas. A palavra era mais cortante que espada de dois gumes e
os gritos e gemidos alcançavam o coração mais endurecido. Alguns tinham
semblantes pálidos como a palidez de morte; outros torciam as mãos, cheios de
angústia; ainda outros foram prostrados ao chão, ao passo que outros caíam e
eram aparados nos braços de amigos. A maior parte do povo levantava os olhos
para os céus, clamando e pedindo a misericórdia de Deus. Eu, enquanto os
contemplava, só podia pensar em uma coisa: o grande dia. Pareciam pessoas
acordadas pela última trombeta, saindo dos seus túmulos para o juízo."
"O poder da presença divina nos acompanhou até
Baskinridge, onde os arrependidos choravam e os salvos oravam, lado a lado. O
indiferentismo de muitos transformou-se em assombro, e o assombro, depois, em
grande alegria. Alcançou todas as classes, idades e caracteres. A embriaguez
foi abandonada por aqueles que eram dominados por esse vício. Os que haviam
praticado qualquer ato de injustiça foram tomados de remorso. Os que tinham
furtado foram constrangidos a fazer restituição. Os vingativos pediram
perdão. Os pastores ficaram ligados ao seu povo por um vínculo mais forte de
compaixão. O culto doméstico foi iniciado nos lares. Os homens foram levados a
estudar a Palavra de Deus e a terem comunhão com o seu Pai, nos céus".
Mas não foi somente os países populosos que o povo
afluiu para o ouvir. Nos estados Unidos, quando eram ainda um país novo,
ajuntaram-se grandes multidões dos que moravam longe um do outro, nas
florestas. O famoso Benjamim Franklin, no seu jornal, assim noticiou essas reuniões:
"Quinta-feira o reverendo Whitefield partiu de nossa cidade, acompanhado
de cento e cinqüenta pessoas a cavalo, com destino a Chester, onde pregou a
sete mil ouvintes, mais ou menos. Sexta-feira pregou duas vezes em Willings
Town a quase cinco mil; no sábado, em Newcastle, pregou a cerca de duas mil e
quinhentas, e na tarde do mesmo dia, em Cristiana Bridge, pregou a quase três
mil; no domingo, em White Clay Creek, pregou duas vezes (descansando uma meia
hora entre os sermões a oito mil pessoas, das quais, cerca de três mil, tinha
vindo a cavalo. Choveu a maior parte do tempo, porém, todos se conservaram em
pé, ao ar livre".
Como Deus estendeu a sua mão para operar prodígios
por meio de seu servo, vê-se no seguinte: Num estrado perante a multidão,
depois de alguns momentos de oração em silêncio, Whitefield anunciou de maneira
solene o texto: "É ordenado aos homens que morram uma só vez, e depois
disto vem o juízo". Depois de curto silêncio, ouviu-se um grito de horror,
vindo dum lugar entre a multidão. Um pregador presente foi até o local da
ocorrência, para saber o que tinha acontecido. Logo voltou e disse: -
"Irmão Whitefield, estamos entre os mortos e os que estão morrendo. Uma
alma imortal foi chamada à eternidade. O anjo da destruição está passando sobre
o auditório. Clame em alta voz e.não cesse". Então foi anunciado ao povo
que um dentre a multidão havia morrido. Então Whitefield leu a segunda vez o
mesmo texto: "É ordenado aos homens que morram uma só vez". Do local
onde a Senhora Huntington estava em pé, veio outro grito agudo. De novo, um
tremor de horror passou por toda a multidão quando anunciaram que outra pessoa
havia morrido. Whitefield, porém, em vez de ficar tomado de pânico, como os
demais, suplicou graça ao Ajudador invisível e começou, com eloqüência
tremenda, a prevenir os impenitentes do perigo. Não devemos concluir, contudo,
que ele era ou sempre solene ou sempre veemente. Nunca houve quem
experimentasse mais formas de pregar do que ele.
Apesar da sua grande obra, não se pode acusar Whitefield
de procurar fama ou riquezas terrestres. Sentia fome e sede da simplicidade e
sinceridade divina. Dominava todos os seus interesses e os transformava para
glória do reino do seu Senhor. Não ajuntou ao redor de si os seus convertidos
para formar outra denominação, como alguns esperavam. Não, apenas dava todo o
seu ser, mas queria "mais línguas, mais corpos, mais almas a usar para o
Senhor Jesus".
A maior parte de suas viagens à América do Norte foram
feitas a favor do orfanato que fundara na colônia da Geórgia. Vivia na pobreza
e esforçava-se para granjear o necessário para o orfanato. Amava os órfãos
ternamente, escrevendo-lhes cartas e dirigindo-se a cada um pelo nome. Para
muitas dessas crianças, ele era o único pai, o único meio de elas terem o
sustento. Fez uma grande parte da sua obra evangelística entre os órfãos e
quase todos permaneceram crentes fiéis, sendo que um bom número deles se
tornaram ministros do Evangelho.
Whitefield não era de físico robusto: desde a
mocidade sofria quase constantemente, anelando, muitas vezes, partir e estar
com Cristo. A maior parte dos pregadores acham impossível pregar quando estão
enfermos como ele.
Assim foi que, aos 65 anos de idade, durante sua
sétima viagem à América do Norte, findou a sua carreira na Terra, uma vida
escondida com Cristo em Deus e derramada num sacrifício de amor pelos homens.
No dia antes de falecer, teve de esforçar-se para ficar em pé. Porém, ao levantar-se,
em Exeter, perante um auditório demasiado grande para caber em qualquer prédio,
o poder de Deus veio sobre ele e pregou, como de costume, durante duas horas.
Um dos que assistiram disse que "seu rosto brilhava como o sol". O
fogo aceso no seu coração no dia de oração e jejum, quando da sua separação
para o ministério, ardeu até dentro dos seus ossos e nunca se apagou (Jeremias
20.9).Certo homem eminente dissera a Whitefield: "Não espero que Deus
chame o irmão, breve, para o lar eterno, mas quando isso acontecer,
regozijar-me-ei ao ouvir o seu testemunho". O pregador respondeu:
"Então ficará desapontado; morrerei calado. A vontade de Deus é dar-me
tantos ensejos para testificar dele durante minha vida, que não me serão dados
outros na hora da morte".
E sua morte ocorreu como predissera.
Depois do sermão, em Exeter, foi a Newburyport para
passar a noite na casa do pastor. Ao subir para o quarto de dormir, virou-se na
escada e, com a vela na mão, proferiu uma curta mensagem aos amigos que ali
estavam e insistiam em que pregasse.
Às duas horas da madrugada acordou. Faltava-lhe o
fôlego e pronunciou para o seu companheiro as suas últimas palavras na Terra:
"Estou morrendo".
No seu enterro, os sinos das igrejas de Newburyport
dobraram e as bandeiras ficaram a meia-haste. Ministros de toda a parte vieram
assistir aos funerais; milhares de pessoas não conseguiram chegar perto da
porta da igreja, por causa da imensa multidão. Conforme seu pedido, foi
enterrado sob o púlpito da igreja.
Se quisermos os mesmos frutos de ver milhares
salvos, como Jorge Whitefield os teve, temos de seguir o seu exemplo de oração
e dedicação.
- Alguém pensa que é tarefa demais? Que diria Jorge
Whitefield, junto, agora, com os que levou a Cristo, se lhe fizéssemos essa
pergunta?
Por: Orlando S. Boyer (extraido do livro Hérois da Fé- Orlando S. Boyer- CPAD)