sábado, 23 de fevereiro de 2008

Estudo: Os Mandamentos de Deus-parte III



3º. Mandamento: Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.

O Nome de Deus é Santo!

O primeiro mandamento responde quem deve ser cultuado. E a resposta é Deus, somente Deus. O segundo mandamento responde como Deus deve ser cultuado. Não deve ser através de imagens, e sim, em Espírito e em verdade. E este terceiro mandamento por sua vez tem haver com a nossa atitude no momento do culto. Está relacionado diretamente com o uso correto das nossas palavras no que diz respeito a Deus e a tudo que Lhe pertence. Aponta para uma atitude de reverência no momento de adoração ao Senhor.

Longe de ser simples questão de etiqueta, o nome no Antigo Testamento exprime a realidade profunda do ser que o carrega. No que diz respeito ao Nome de Deus temos a ordem: “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão”. Foi Deus mesmo quem revelou os seus próprios nomes ao povo de Israel. Tais nomes são expressões do Seu caráter, da Sua pessoa (atributos) e das Suas obras.
O nome de Deus é citado nas Escrituras Sagradas com profunda reverência, porque ele nos leva à imediata presença de Deus. Como seria maravilhoso se todos os crentes estudassem com afinco os nomes de Deus nas Escrituras. Aprenderíamos que Deus vê e sabe todas as coisas. Que Ele se encontra em todos os lugares ao mesmo tempo. Que para Ele não existe o impossível. Que Ele é a nossa paz. Quanto mais nos determos no estudo do Seu nome, mais reverência teremos e mais glória traremos para Sua pessoa.
Portanto, temos a possibilidade de conhecermos a Deus pelos Seus nomes e chegarmos à profunda e santa comunhão com Ele.
“O nome de Deus é o nome por excelência (Zc 14.9), a ponto de, por temor religioso, Deus ser chamado simplesmente “o nome” (Lv 24.11; 2 Sm 6.2; nome santo Lv 20.3, Sl 103.1, Ez 20.39; glorioso Ne 9.5; Sl 72.19; grande 1 Rs 8.42; Jr 44.26; honrado Dt28.58; eminente Sl 148.13; temível Sl 99.3; 111.9), cuja invocação produz terror no povo (Ml 2.5) e provoca medo no adversário (Dt 28.10; Sl 102.15). O nome de Deus, pelo qual Ele se manifestou a Israel, é Javé, “Ele é”, nome eterno (Ex 3.15), da qual depende a realidade dos outros nomes (Is 56.5)”.
O Catecismo Maior de Westminster nos traz o que este mandamento exige de nós. De uma forma geral, este mandamento exige que tudo relacionado com Deus seja tratado por nós de forma santa e reverente: Que Seu Nome seja mencionado e usado com respeito e reverência; que os Seus títulos, como “Altíssimo”, “Senhor”, “Pai” e outros, sejam invocados com respeito e significado; que os Seu atributos (santidade, bondade, justiça, eternidade, fidelidade e os demais) sejam mencionados por nós e utilizados de forma respeitosa e reverente; que participemos de Suas ordenanças (sacramentos: batismo e Ceia) com contrição, seriedade e sinceridade; que leiamos e meditemos na Sua Palavra (As Escrituras Sagradas) com humildade, dedicação e submissão; que ouçamos a pregação da Sua Palavra com atenção e sobriedade; que oremos ao Senhor de forma respeitosa, contrita e humilde.
Sem dúvida nenhuma “tais deveres para com Deus, Seu culto e Suas ordenanças tem sido esquecidos e negligenciados, em larga escala, em nossos dias. É um dos pecados prevalecentes em nossa sociedade, repleta de escarnecedores, zombadores, profanos, ímpios, perjuros, maledicentes e blasfemos. O que nos entristece mais, porém, é ver os próprios filhos de Deus abusarem e profanarem Seu nome, por pensamentos, palavras e obras”.
Este mandamento nos proíbe entre outras coisas: Usar o nome de Deus em vão; usar o nome de Deus e as coisas relacionadas a Ele de forma trivial, leviana e superficial; falar irreverentemente de Deus e Sua coisas (Existe pessoas que brinca com versículos bíblicos, com hinos e cânticos espirituais, contam piadas envolvendo a pessoa de Deus, Cristo, Céu, inferno, etc. A Bíblia nos lembra em Gálatas 6.7: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”; Vãs repetições na oração; orações mecânicas, superficiais e sem fé; a quebra de juramentos e votos que fizemos diante de Deus.
Portanto, não devemos profanar o nome do Senhor. Pois, o Seu nome é a Sua própria pessoa. Além do mais, Ele é o nosso Deus. Devemos a Ele toda a reverência e respeito.
Também não podemos esquecer que “o Senhor não terá por inocente o que tomar seu nome em vão”. Deus não inocentará e nem poupará os transgressores deste mandamento. Não os deixará escapar sem castigo.
Devemos nos arrepender com toda a sinceridade e pedir que o Senhor nos perdoe por tantas vezes que faltamos com o santo respeito diante do Seu nome.
Que Deus nos ajude a sermos filhos reverentes e respeitosos. Façamos a mesma oração de Davi: “Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração para só temer o teu nome” (Sl 86.11)!

Pr. Luís Guilherme Mesquita Alves

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O Fruto do Espírito



“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gálatas 5:22,23).


vv.22 Mas o fruto do Espírito. Justamente como havia condenado toda a natureza humana como nada produzindo senão frutos nocivos e indignos, agora nos diz que todas as virtudes, todas as boas e bem ordenadas afeições procedem do Espírito, ou seja, da graça de Deus e da natureza renovada que recebemos de Cristo. Como se houvera dito: “Nada, senão o mal, procede do homem; nada de bom pode proceder senão do Espírito Santo”. Pois ainda que às vezes surjam nos homens não regenerados notáveis exemplos de nobreza, fidelidade, temperança e generosidade, o fato é que não passam de marcas ilusórias. Curio e Fabricio foram famosos por sua coragem; Cato, por sua temperança; Scipio, por sua bondade e generosidade; Fabio, por sua paciência. Mas tudo isso era apenas aos olhos dos homens e como membros da sociedade. Aos olhos de Deus, nada é puro senão o que procede da fonte de toda a pureza.
Não tomo alegria, aqui, no sentido de Romanos 14:17, mas como aquele bom humor [hilaritas] para com nossos companheiros, o qual é o posto de melancolia. Fé é usada para verdade, e é contrastada com astúcia, engano e falsidade. Paz contrasto com rixas e contendas. Longanimidade é a suavidade da mente, a qual nos dispõe a levar tudo com otimismo, não permitindo a suscetibilidade. O restante é óbvio, pois a condição da mente se abre a parte de seu fruto.
Pode-se perguntar, porém, que juízo formaremos dos perversos e idólatras que, não obstante, exigem extraordinária semelhança de virtudes. Pois pelo prisma de suas obras parecem espirituais. Eis minha resposta: nem todas as obras da carne despontam numa pessoa carnal; mas sua carnalidade é exibida por um ou outro vício; assim como uma pessoa não pode ser tida como espiritual pelo prisma de uma única virtude. Às vezes se fará óbvio à luz de outros vícios que a carne reina em tal pessoa; e isso é facilmente visto em todos aqueles a quem mencionamos.
vv.23 Contra tais coisas não há lei. Há quem entenda isso como significando simplesmente que a lei não é dirigida contra as boas obras, visto que das boas maneiras têm emanado boas leis. Mas a intenção de Paulo é mais profunda e menos óbvia, ou seja: onde o Espírito reina, a lei não mais exerce qualquer domínio. Ao modelar nossos corações segundo sua própria justiça, o Senhor nos liberta da severidade da lei, de modo que não trata conosco segundo o pacto da lei, nem obriga nossas consciências sob sua condenação. Não obstante, a lei continua a exercer seu ofício de ensinar e exortar. Mas o Espírito de adoção nos livra da sujeição a ela devida. Paulo, pois, ridiculariza os falsos apóstolos, os quais forçavam a sujeição à lei, mas que ninguém estava mais ansioso do que eles para livrar-se do jugo dela. Paulo nos diz que a única forma pela qual isso se faz possível é quando o Espírito de Deus assume o domínio. À luz desse fato, segue-se que eles não se preocupavam com a justiça espiritual.



João Calvino, comentário de Gálatas,

Editora Paracletos, págs 170 e 171.