terça-feira, 3 de junho de 2008

Estudo: Os Mandamentos de Deus-parte IV


4º. Mandamento: Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou – Êxodo 20:8-11.

O Dia do Senhor: Um Dia para Parar, Descansar, Adorar e Servir!

Antes de tudo, é bom que se diga que o termo “sábado” significa “descansar”, “cessar” ou “fazer pausa”. Portanto, o termo não significa “sétimo” como alguns imaginam.

Percebemos que Deus como Criador e Soberano tem autoridade para ordenar a vida do homem. Tem autoridade de determinar seu tempo de trabalho e descanso. “Seis dias trabalharás...”! disse o Senhor. “Através desse mandamento de Deus, nossa vida é preenchida com precioso conteúdo. O trabalho é um dom de Deus; isso o homem percebe somente quando está doente ou velho e não pode mais trabalhar. Uma vida sem trabalho, sem ativação das forças do corpo e da alma, que Deus nos deu, é contra a vontade de Deus, é, portanto, rebelião contra Deus. Após a queda, o Senhor disse ao homem ‘no suor do rosto comerás o teu pão...’ (Gn 3.19). Deves trabalhar! E no Novo Testamento está escrito: ‘... Se alguém não quer trabalhar, também não coma’ (2 Ts 3.10)”. O ócio é pecado contra Deus. “Aquele que se mostra ocioso por seis dias é igualmente culpado, aos olhos de Deus, do que se vier a trabalhar no sétimo dia”. Issac Watts disse acertadamente que “Satanás sempre achará alguma malignidade para as mãos ociosas fazerem”.

Deus indicou um dia da semana como dia de descanso. Ele mesmo fez isto. Ele fez a distinção entre os seis dias de trabalho e o dia do descanso (Gn 2.1-3). Agora, o homem tem um padrão para seguir. Um padrão determinado pelo próprio Criador. “O Senhor ... ao sétimo dia, descansou” (v.11).

Por que Deus descansou? Não foi porque Ele estivesse cansado do trabalho e necessitasse de repouso (Is 40.28), mas porque cessou de criar. Não havia mais nada a fazer. Ele havia acabado os céus e a terra, e todo o seu exército (Gn 2.1). Ele ficou satisfeito com a criação e assim repousou. Por isso Deus abençoou o sétimo dia e santificou (Gn 2.3). “O sétimo dia é, portanto, o grande dia da criação acabada, o dia de descanso do Criador, o dia do Seu louvor e de Sua Glória”.

Deus separou o sábado para ser observado pelo homem, para que o mesmo possa aprender a necessidade de considerar o sábado como um dia em que ele mesmo precisa descansar de suas labutas diárias.

Mesmo antes da rebelião do homem contra Deus, Adão precisava de um dia quando pararia com todos os seus trabalhos no jardim do Éden e dedicasse mais tempo para comungar e estar com Deus.

Temos aqui no 4º. Mandamento de forma clara, que o sábado pertence ao Senhor. É o “dia do Senhor”. “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus” (v.10). É um dia que “Lhe pertence”. É importante frisar isto, pois, além da necessidade do descanso do trabalho, um dos motivos pelo qual o sábado foi dado, como foi comentado acima, é termos um dia marcado para comungar e estar com Deus através dos meios de graça que Ele mesmo estabeleceu.

O livro de Hebreus cap. 4 desenvolve o tema do “descanso” providenciado para o cristão, conferindo-lhe o descanso da salvação. Na realidade esse é o descanso que Deus planejou para o seu povo. Um descanso que “transcende o temporal e alcança o eterno”. É um descanso espiritual que é efetuado pela fé em Cristo. O cristão, por causa da sua fé, entra no descanso de Deus, que é “um estado espiritual de estar na presença de Deus”.

Para os cristãos, o domingo é o Dia do Senhor, e não o sábado. Os crentes esclarecidos que não observam o sábado mosaico vêem em Cristo o cumprimento do mesmo, desfrutando desse sábado ou descanso, e não do sábado judaico.

No Novo Testamento lemos acerca das Igrejas que Paulo fundou. Tais Igrejas tinham um dia de descanso (o 1º. Dia da semana – 1 Co 16.2). Calvino nos chama atenção para o fato de que “não foi sem boa razão que os cristãos primitivos substituíram o sábado judaico pelo dia que chamamos o Dia do Senhor. O descanso verdadeiro prenunciado pelo antigo sábado foi plenamente inaugurado pela ressurreição do Senhor; e o dia da Sua ressurreição é, em si mesmo, uma admoestação aos cristãos para não se apegarem às sombras desde que já veio a substância”.

Infelizmente, muitos cristãos não têm honrado o dia do Senhor (domingo) como deveriam. Se esquecem que o dia é do “Senhor”. E ao invés desse dia ser um dia de descanso, transforma-se em um dia de tristeza. Para o mundo o “dia do Senhor” é um dia especial para se fazer o que é mundano, ilícito e mau. É só ler os jornais de segunda-feira para todos verificarem quantas coisas ruins, como crimes, roubos, acidentes, etc. ocorreram no domingo.

Nunca é demais dizer que graças ao Senhor não estamos vivendo sob a Lei, mas sob a Graça da Nova Aliança. Sob a Lei de Cristo (1Co 9.21). E por isso não estamos “obrigados” a guardar um dia, mais que outro. O Apostolo Paulo deixou claro que para o crente, todos os dias são iguais (Rm 14.5,6). Agora, o cristão é livre para escolher um dia distinto para maior comunhão com Deus. E como foi visto acima, à igreja primitiva optou por várias razões pelo domingo. O dia do Senhor (ou o 1º. Dia) era guardado “tendo por motivo o amor e não a Lei”.

“O domingo tem-se tornado um dia dedicado à adoração, ao estudo da Bíblia e à evangelização de uma Igreja reunida com esses propósitos. É no domingo que a Igreja comemora a ressurreição de Jesus. Ele saiu do túmulo revestido de uma nova vida. O domingo, pois, é uma oportunidade para participarmos dessa vida nova e a expressarmos. O domingo não é imposto, conforme o sábado era imposto. Contudo, é benéfico, e exige nosso respeito. A liberdade, se for abusada, será sempre tão ruim e errada quanto uma obrigação imposta”.

Pr. Luís Guilherme Mesquita Alves